Ana Bolena foi rainha da Inglaterra
de 1533 a 1536, sendo a segunda esposa de Henrique VIII de Inglaterra, mãe da
rainha Isabel I de Inglaterra, bem como marquesa de Pembroke. Seu casamento com
Henrique VIII foi polêmico, do ponto de vista político e religioso, e resultou
na criação da Igreja Anglicana. A ascensão e queda de Ana Bolena, considerada a
mais controversa rainha consorte da Inglaterra, inspiraram inúmeras biografias
e obras ficcionais.
Era filha de Sir Tomás Bolena e
Isabel Howard. Foi educada na França, principalmente como dama de companhia da
rainha Cláudia de França, esposa de Francisco I. Voltou para a Inglaterra em
1522.
Dois anos mais tarde, apaixonou-se
por Henrique VIII. A princípio, Ana resistiu às tentativas do rei em seduzi-la
e torná-la sua amante, como sua irmã, Maria Bolena havia sido. Henrique VIII
anulou seu casamento com Catarina de Aragão para que se pudesse casar com Ana
Bolena. Quando se tornou claro que o Papa Clemente VII não aprovaria o divórcio
de Henrique VIII e Catarina de Aragão e, posteriormente, o casamento deste com
Ana Bolena, iniciou-se a ruptura religiosa entre a Inglaterra e a Igreja
Católica Romana, resultando na criação da Igreja Anglicana.
O arcebispo de York, Thomas Wolsey,
foi destituído de seu posto em 1529 por não ter sido bem sucedido em sua
tentativa de conseguir o divórcio e anulação do casamento do rei Henrique VIII
com Catarina de Aragão. O casamento de Ana Bolena com Henrique VIII ocorreu em
25 de janeiro de 1533; entretanto, demorou quatro meses para ser contemplado.
Em 23 de maio daquele ano, foi anulado o casamento de Henrique VIII e Catarina
de Aragão, sendo que cinco dias depois, o casamento de Bolena com o rei Henrique
VIII foi validado. Pouco tempo depois, Henrique VIII e o arcebispo foram
excomungados da Igreja Católica pelo Papa Clemente VII.
Thomas Cromwell, aliado de Ana
Bolena por um tempo. Eles colidiram após discordarem sobre a política externa e
a redistribuição da riqueza da igreja.
O historiador e biógrafo Eric Ives
acredita que o político Thomas Cromwell pode ter planejado a queda e execução
de Ana Bolena. As conversas entre Chapuys e Cromwell indicam Cromwell como o
instigador da trama para remover Ana Bolena. Prova disso é vista através de
cartas escritas por Chapuys sobre como Ana diferiu com Cromwell sobre a
redistribuição das receitas da Igreja e sobre a política externa. Ela defendeu
que as receitas deveriam ser distribuídas para instituições beneficentes e
educacionais, e era a favor de uma aliança com a França. Cromwell insistia em
encher os cofres exauridos do rei, e preferiu uma aliança imperial. Por estas
razões, sugere Eric Ives, "Ana Bolena tornou-se uma grande ameaça para
Thomas Cromwell". Por outro lado, John Schofield, também biógrafo, alega
que não houve luta pelo poder existente entre Ana e Cromwell, e que
"nenhum traço pode ser encontrado de uma conspiração por parte de Cromwell
contra Ana. Cromwell envolveu-se no drama real conjugal somente quando Henrique
VIII o mandou para o caso". Cromwell não fabricou as acusações de
adultério, embora ele e outros da corte tenham usado tais comentários para
sustentar a crise conjugal de Henrique VIII e Ana Bolena. O historiador Retha
Warnicke questiona se Cromwell poderia ter manipulado o rei em tal assunto. Henrique se emitiu as instruções
cruciais: seus oficiais, incluindo Cromwell, foram deixados de fora. O
resultado, os historiadores concordam, era uma farsa jurídica.
No final de abril, um músico
flamengo a serviço de Ana chamado Mark Smeaton foi preso. Inicialmente, ele
negou ter sido amante da rainha, mas depois confessou, talvez sob tortura ou
talvez porque lhe fora prometido liberdade casa confessasse. Outro cortesão,
Sir Henry Norris, foi preso no mesmo mês, mas por ser um aristocrata, não pôde
ser torturado. Antes de sua detenção, Norris foi tratado amavelmente pelo rei,
que lhe ofereceu o seu próprio cavalo para usar nas festividades do mês de
maio. Parece provável que, durante as festividades, o rei tenha sido notificado
da confissão de Mark Smeaton e pouco tempo depois, os alegados conspiradores
foram presos por ordem do rei. Henry Norris foi preso no festival. Ele negou
sua culpa e jurou que a rainha Ana Bolena era inocente. Uma das evidências mais
prejudiciais a Henry Norris era um conversa ouvida com Ana no final de abril,
onde ela o acusou de vir muitas vezes a seus aposentos dizendo ir cortejar sua
dama-de-companhia, Madge Shelton, mas na verdade suas intenções eram cortejar a
própria rainha. Sir Francis Weston também foi preso dois dias depois com a
mesma acusação. Sir William Brereton, pertencente à Câmara Privada do Rei,
também foi apreendido em razão de adultério. Sir Thomas Wyatt, um poeta e amigo
dos Bolenas que teria sido apaixonado por ela antes seu casamento com o rei,
também foi preso pela mesma acusação, mas foi liberado mais tarde,
provavelmente devido à sua amizade com Thomas Cromwell. Sir Richard Page também
foi acusado de ter tido um relacionamento sexual com a rainha, mas foi
absolvido de todas as acusações após a investigação não poder implicá-lo a Ana.
O último acusado, e mais conhecido, era o próprio irmão da rainha Ana, Jorge
Bolena, preso sob acusação de incesto e traição, acusado de ter tido um
relacionamento sexual com sua irmã. Jorge Bolena era acusado de dois casos de
incesto:. Em novembro de 1535 em Whitehall, e no mês seguinte em Eltham.
Alguns, inclusive, dizem ter sido um
último recurso da rainha para retardar a consumação da execução, ainda
esperançosa de um perdão real por parte de Henrique VIII, perdão este que
estaria sendo defendido pela sua irmã, Maria. Quando informada da sua iminente
execução, Ana Bolena fez chegar a Henrique VIII uma exigência - não aceitaria
ser morta por um carrasco inglês, que utilizava o machado para a decapitação.
Exigia a "importação" de um carrasco francês, pois estes usavam a
espada. Para justificar a sua exigência, teria dito "uma Rainha da
Inglaterra não curva a cabeça para ninguém e em nenhuma situação", pois as
execuções com a espada eram feitas com a vítima ajoelhada, mas com a cabeça
erguida.
Diz-se que o poema O Death Rock me
Asleep foi escrito por Ana, enquanto aprisionada na Torre. Porém, também pode
ter sido escrito por seu irmão, Jorge. A escrita do poema evidencia que ela
pode ter tido esperanças de que a morte acabaria com o seu sofrimento.
Na manhã de sexta-feira, 19 de maio,
Ana Bolena foi executada, não na Torre Verde, mas sim num andaime erigido sobre
o lado norte da Torre Branca, em frente do que é hoje as Casernas de Waterloo
Ela usava um saiote vermelho sob um avulso, um vestido de tordilha de damasco
aparado na pele e um manto de arminho. Acompanhada por duas assistentes do sexo
feminino, Ana fez seu último passeio da Casa da Rainha à Torre Verde e ela olhou
"como se ela não fosse morrer".[ Ana subiu o cadafalso e fez um breve
discurso para a multidão:
“ Bom povo cristão, vim aqui para
morrer, de acordo com a lei, e pela lei fui julgada para morrer, e por isso não
vou falar nada contra ela. Não vim aqui para acusar ninguém, nem para falar de
algo de que sou acusada e condenada a morrer, mas rezo a Deus para que salve o
rei e que ele tenha um longo reinado sobre vós, pois nunca um príncipe tão
misericordioso esteve lá: e para mim ele será sempre um bom, gentil e soberano
Senhor. E se qualquer pessoa ponha isso em causa, obrigá-la-ei a julgar os
melhores. E assim deixo o mundo e todos vós, e sinceramente desejo que todos
rezem por mim. Ó Senhor, tem misericórdia de mim, eu louvo a Deus a minha alma. ”
Ana obteve o que requisitava,
mostrando que até nos seus últimos momentos, ainda era capaz de impressionar o
rei. Ela foi decapitada por um carrasco francês, tal como pedira. Henrique não
providenciou um sepulcro para Ana, e assim o seu corpo e a cabeça foram enterrados
num túmulo desmarcado na Capela Real de São Pedro ad Vincula.O seu esqueleto
foi identificado durante a renovação da capela, durante o reinado da Rainha
Vitória, e o local de repouso de Ana está marcado no chão em mármore.
Ana Bolena tem inspirado ou sido
mencionada em numerosas obras artísticas e culturais, desde meios de
comunicação, obras de arte, representações na cultura popular, cinema e ficção.
A história trágica de Ana Bolena tem
inspirado muitas obras de ficção e biográficas. Há também inúmeras lendas e
teorias em torno da sua vida, nomeadamente a sugestão de que Ana teria seis
dedos numa das mãos, embora essas sugestões tenham sido dadas por Nicholas
Sander, que foi totalmente contra a Inglaterra Anglicana e de Isabel (filha de
Ana Bolena). Além disso, há uma lenda popular, de que seu espírito ronda pela
Torre de Londres.
Referências.
Warnicke,
pgs 212-242; Wooding, pg. 194.
Warnicke,
pgs 210-212. Warnicke observa: "Nem Chapuys nem historiadores modernos têm
se explicado por que o secretário (Thomas Cromwell) poderia manipular o rei
Henrique VIII a concordar com a execução de Ana, sendo que ele não podia
convencer o rei a ignorar-lhe os conselhos desta sobre política externa".
Scarisbrick,
pg. 455 "Scarisbrick afirma que claramente, ele estava empenhado em
desfazer-se dela por qualquer meio."
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