sábado, 12 de setembro de 2015

Nicolau Copérnico


Nicolau Copérnico foi um astrônomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico.
            Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente Teoria Geocêntrica , é considerada como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia moderna.

Nicolau Copérnico, , nasceu quando sua cidade natal, Toruń, fazia parte da província da Prússia Real, no Reino da Polônia. Seu pai era um comerciante de Cracóvia e sua mãe era filha de um abastado comerciante de Toruń. Nicolau era o mais jovem de quatro filhos. Seu irmão André tornou-se um cônego da Ordem dos Agostinianos em Frombork (Frauenburgo). Sua irmã Bárbara, mesmo nome de sua mãe, tornou-se uma religiosa da Ordem dos Beneditinos e, em seus últimos anos, priora de um convento em Chełmno (Kulm); tendo morrido após 1517. Sua irmã Catarina casou-se com Barthel Gertner, também importante comerciante e edil da cidade de Toruń, com quem teve cinco filhos, cuidados por Copérnico até o fim de seus dias, não tendo ele próprio se casado ou tido filhos.

            Na teoria de Copérnico, a Terra move-se em torno do Sol. Mas, seus dados foram corrigidos pelas observações de Tycho Brahe. Com base nelas e em seus próprios cálculos, Johannes Kepler reformou radicalmente o modelo copernicano e chegou a uma descrição realista do sistema solar. Esse fenômeno já havia sido estudado e defendido pelo bispo de Lisieux, Nicole d'Oresme, no século XIV. O movimento da Terra era negado pelos partidários de Aristóteles e Ptolomeu. Eles argumentavam que, caso a Terra se movesse, as nuvens, os pássaros no ar ou os objetos em queda livre seriam deixados para trás. Galileu combateu essa ideia, afirmando que, se uma pedra fosse abandonada do alto do mastro de um navio, um observador a bordo sempre a veria cair em linha reta, na vertical. E, baseado nisso, nunca poderia dizer se a embarcação estava em movimento ou não. Caso o barco se movesse, porém, um observador situado na margem veria a pedra descrever uma curva descendente – porque, enquanto cai, ela acompanha o deslocamento horizontal do navio. Tanto um observador quanto o outro constataria que a pedra chega ao convés exatamente no mesmo lugar: O pé do mastro. Pois ela não é deixada para trás quando o barco se desloca. Da mesma forma, se fosse abandonada do alto de uma torre, a pedra cairia sempre ao pé da mesma – quer a Terra se mova ou não.

O cardeal São Roberto Belarmino presidiu o tribunal que proibiu a teoria copernicana. Culto e moderado, ele conseguiu poupar Galileu. Estimulado pelo novo papa Urbano VIII, seu grande admirador, o cientista voltou à carga. Mas o Papa sentiu-se ridicularizado num livro de Galileu. E isso motivou sua condenação.

Nicolau Copérnico
A teoria do modelo heliocêntrico, a maior teoria de Copérnico, foi publicada em seu livro, De revolutionibus orbium coelestium ("Da revolução de esferas celestes"), durante o ano de sua morte, 1543. Apesar disso, ele já havia desenvolvido sua teoria algumas décadas antes.

O livro marcou o começo de uma mudança de um universo geocêntrico, ou antropocêntrico, com a Terra em seu centro. Copérnico acreditava que a Terra era apenas mais um planeta que concluía uma órbita em torno de um sol fixo todo ano e que girava em torno de seu eixo todo dia. Ele chegou a essa correta explicação do conhecimento de outros planetas e explicou a origem dos equinócios corretamente, através da vagarosa mudança da posição do eixo rotacional da Terra. Ele também deu uma clara explicação da causa das estações: O eixo de rotação da terra não é perpendicular ao plano de sua órbita.

Em sua teoria, Copérnico descrevia mais círculos, os quais tinham os mesmos centros, do que a teoria de Ptolomeu (modelo geocêntrico). Apesar de Copérnico colocar o Sol como centro das esferas celestiais, ele não fez do Sol o centro do universo, mas perto dele.


Folha de rosto do livro De revolutionibus orbium coelestium
Do ponto de vista experimental, o sistema de Copérnico não era melhor do que o de Ptolomeu. E Copérnico sabia disso, e não apresentou nenhuma prova observacional em seu manuscrito, fundamentando-se em argumentos sobre qual seria o sistema mais completo e elegante.

Da sua publicação, até aproximadamente 1700, poucos astrônomos foram convencidos pelo sistema de Copérnico, apesar da grande circulação de seu livro (aproximadamente 500 cópias da primeira e segunda edições, o que é uma quantidade grande para os padrões científicos da época). Entretanto, muitos astrônomos aceitaram partes de sua teoria, e seu modelo influenciou muitos cientistas renomados que viriam a fazer parte da história, como Galileu e Kepler, que conseguiram assimilar a teoria de Copérnico e melhorá-la. As observações de Galileu das fases de Vênus produziram a primeira evidência observacional da teoria de Copérnico. Além disso, as observações de Galileu das luas de Júpiter provaram que o sistema solar contém corpos que não orbitavam a Terra.

O sistema de Copérnico pode ser resumido em algumas proposições, assim como foi o próprio Copérnico a listá-las em uma síntese de sua obra mestra, que foi encontrada e publicada em 1878.

As principais partes da teoria de Copérnico são:

Os movimentos dos astros são uniformes, eternos, circulares ou uma composição de vários círculos (epiciclos).
O centro do universo é perto do Sol.
Perto do Sol, em ordem, estão Mercúrio, Vênus, Terra, Lua, Marte, Júpiter, Saturno, e as estrelas fixas.
A Terra tem três movimentos: rotação diária, volta anual, e inclinação anual de seu eixo.
O movimento retrógrado dos planetas é explicado pelo movimento da Terra.
A distância da Terra ao Sol é pequena se comparada à distância às estrelas.
Se essas proposições eram revolucionárias ou conservadoras era um tópico muito discutido durante o vigésimo século. Thomas Kuhn argumentou que Copérnico apenas transferiu algumas propriedades, antes atribuídas a Terra, para as funções astronômicas do Sol. Outros historiadores, por outro lado, argumentaram a Kuhn, que ele subestimou quão revolucionárias eram as teorias de Copérnico, e enfatizaram a dificuldade que Copérnico deveria ter em modificar a teoria astronômica da época, utilizando apenas uma geometria simples, sendo que ele não tinha nenhuma evidência experimental.

O modelo heliocêntrico
Os filósofos do século XV aceitavam o geocentrismo como fora estruturado por Aristóteles e Ptolomeu. Esse sistema cosmológico afirmava (corretamente) que a Terra era esférica, mas também afirmava (erradamente) que a Terra estaria parada no centro do Universo enquanto os corpos celestes orbitavam em círculos concêntricos ao seu redor. Essa visão geocêntrica tradicional foi abalada por Copérnico em 1537, quando este começou a divulgar um modelo cosmológico em que os corpos celestes giravam ao redor do Sol, e não da Terra. Essa era uma teoria de tal forma revolucionária que Copérnico escreveu no seu De revolutionibus orbium coelestium (do latim: "Das revoluções das esferas celestes"): "quando dediquei algum tempo à ideia, o meu receio de ser desprezado pela sua novidade e o aparente contra-senso quase me fez largar a obra feita".

Naquele tempo a Igreja Católica aceitava essencialmente o geocentrismo aristotélico, embora a esfericidade da Terra estivesse em aparente contradição com interpretações literais de algumas passagens bíblicas. Ao contrário do que se poderia imaginar, durante a vida de Copérnico não se encontram críticas sistemáticas ao modelo heliocêntrico por parte do clero católico. De fato, membros importantes da cúpula da Igreja ficaram positivamente impressionados pela nova proposta e insistiram para que essas ideias fossem mais desenvolvidas. Contudo, a defesa, quase um século depois, por Galileu Galilei da teoria heliocêntrica vai deparar-se com grandes resistências no seio da mesma Igreja Católica.

Como Copérnico tinha por base apenas suas observações dos astros a olho nu e não tinha possibilidade de demonstração da sua hipótese, muitos homens de ciência acolheram com cepticismo as suas ideias. Apesar disso, o trabalho de Copérnico marcou o início de duas grandes mudanças de perspectiva. A primeira diz respeito à escala de grandeza do Universo: avanços subsequentes na astronomia demonstraram que o universo era muito mais vasto do que supunham quer a cosmologia aristotélica quer o próprio modelo copernicano; a segunda diz respeito à queda dos graves. A explicação aristotélica dizia que a Terra era o centro do universo e portanto, o lugar natural de todas as coisas. Na teoria heliocêntrica, contudo, a Terra perdia esse estatuto, o que exigiu uma revisão das leis que governavam a queda dos corpos, e mais tarde, conduziu Isaac Newton a formular a lei da gravitação universal. Ainda que imperfeita, pois indicava que as órbitas dos planetas seriam circulares e não elípticas como se veio a descobrir, a teoria de Copérnico abriu caminho para as grandes descobertas astronômicas.




Referências
Iłowiecki, Maciej (1981). Dzieje nauki polskiej (in Polish). Warszawa: Wydawnictwo Interpress. p. 40.

Nicolau Copérnico é enterrado de novo na Polônia, 467 anos depois Folha Online (22 de maio de 2010). Visitado em 5 de junho de 2010.
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domingo, 6 de setembro de 2015

Platão


Platão  foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental.Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles. Platão era um racionalista, realista, idealista e dualista e a ele tem sido associadas muitas das ideias que inspiraram essas filosofias mais tarde.

A data tradicional do nascimento de Platão (428/427) é baseada em uma interpretação dúbia de Diógenes Laércio que afirma: "Quando Sócrates foi embora, Platão se juntou a Crátilo e Hermógenes, que filosofou à maneira de Parmênides. Então, aos vinte e oito anos, segundo Hermodoro, Platão foi para Euclides em Megara." Em sua Sétima Carta, Platão observa que a sua idade coincidiu com a tomada do poder pelos Trinta Tiranos, comentando: "Mas um jovem com idade inferior a vinte seria motivo de chacota se tentasse entrar na arena política". Assim, a data de nascimento de Platão seria 424/423.

De acordo com Diógenes Laércio, o filósofo foi nomeado Aristócles como seu avô, mas seu treinador de luta, Aristão de Argos, o apelidou de Platon, que significa "grande", por conta de sua figura robusta. De acordo com as fontes mencionadas por Diógenes (todos datam do período alexandrino), Platão derivou seu nome a partir da "amplitude" (platytês) de sua eloquência, ou então, porque possuía a fronte larga.  Estudiosos recentes têm argumentado que a lenda sobre seu nome ser Aristocles originou-se no período helenístico. Platão era um nome comum, dos quais 31 casos são conhecidos apenas em Atenas. A juventude de Platão transcorreu em meio a agitações políticas e a desordens devido à Guerra do Peloponeso, à instabilidade política reinante na cidade de Atenas que foi tomada pela Oligarquia dos Quatrocentos e assim submeteu-se ao governo dos Trinta Tiranos.

Apuleio nos informa que Espeusipo elogiou a rapidez mental e a modéstia de Platão como os "primeiros frutos de sua juventude infundidos com muito trabalho e amor ao estudo". Platão deve ter sido instruído em gramática, música e ginástica pelos professores mais ilustres do seu tempo. Dicearco foi mais longe a ponto de dizer que Platão lutou nos jogos de Jogos Ístmicos.3Platão também tinha frequentado cursos de filosofia, antes de conhecer Sócrates, primeiro ele se familiarizou com Crátilo (um discípulo de Heráclito, um proeminente filósofo grego pré-socrático) e as doutrinas de Heráclito.

A execução de Sócrates em 399 abalou Platão profundamente, ele avaliou essa ação do Estado como uma depravação moral e evidência de um sistema político defeituoso.
Após o término da guerra em Atenas, cerca de 404, auxiliado pelo reinado espartano vitorioso, o terror da Tirania dos Trinta começou, o que incluía parentes de Platão: o primo e o irmão de sua mãe, Crítias e Cármides, participaram do governo, ele foi convidado a participar da vida política, mas recusou porque considerou o então regime criminoso.37 Mas, a situação política após a restauração da democracia ateniense em 403 também o desagradou, um ponto de viragem na vida de Platão foi a execução de Sócrates em 399, que o abalou profundamente, ele avaliou a ação do Estado contra seu professor, como uma expressão de depravação moral e evidência de um defeito fundamental no sistema político. Ele viu em Atenas a possibilidade e a necessidade de uma maior participação filosófica na vida política e tornou-se um crítico agudo. Essas experiências levaram-no a aprovar a demanda por um estado governado por filósofos.

Depois de 399, Platão foi para Megara com alguns outros socráticos, como hóspedes de Euclides (provavelmente para evitar possíveis perseguições que lhe poderiam sobrevir pelo fato de ter feito parte do círculo socrático). Diógenes Laércio conta "foi a Cirene, juntar-se a Teodoro, o matemático, depois à Itália, com os pitagóricos Filolau e Eurito. E daí para o Egito, avistar-se com os profetas, ele tinha decidido encontrar-se também com os magos, mas a guerras da Ásia o fez renunciar a isso",  é posto em dúvida se Platão foi mesmo ao Egito, há evidências de que a estadia foi inventada no Egito, para aproximar Platão à tradição de sabedoria egípcia.

Depois de sua primeira viagem à Sicília, por volta de 388 a.C, aos 40 anos, decepcionado com o luxo e os costumes da corte de Dionísio I de Siracusa e de lá é expulso, Platão compra um ginásio perto de Colona, a nordeste de Atenas, nas vizinhanças de um bosque de oliveiras em homenagem ao herói Academo. Ele amplia a propriedade e constrói alojamentos para os estudantes.

Os membros da Academia não eram estudantes no sentido moderno da palavra, aos jovens, juntavam-se também anciãos; provavelmente todos deviam contribuir para o financiamento das despesas; ademais, o objetivo último da Academia era o saber pelo seu valor ético-político.

Durante duas décadas, Platão assumiu suas funções na Academia e escreveu, nesse período, os diálogos chamados "da maturidade": Fédon, Fedro, Banquete, Menexêno, Eutidemo, Crátilo; começou também a redação de A República.

Ao regressar em 360, Platão voltou a ensinar e escrever na Academia permanecendo como um autor ativo até o fim da vida em 348/347 a.C. aos oitenta anos de idade; conta-se que fora sepultado no terreno da Academia, para dentro do muro de demarcação da propriedade,  ou ainda no jardim da Academia.Com sua morte a academia passou a ser dirigida por Espeusipo forte simpatizante do aspecto matemático da filosofia de Platão.

Todas as obras de Platão que eram conhecidas na antiguidade foram preservadas, com exceção da palestra sobre o bem, a partir do qual houve um pós-escrito de Aristóteles, se encontra perdida. Há também obras que foram distribuídas sob o nome de Platão, mas possivelmente ou definitivamente não são genuínas, elas também pertencem ao Corpus Platonicum (o conjunto das obras tradicionalmente atribuída a Platão), apesar de sua falsidade ser reconhecida mesmo nos tempos antigos. Um total de 47 obras são reconhecidas por terem sido escritas por Platão ou para o qual ele tomado como o autor.

O Corpus platonicum é constituído de diálogos (incluindo Crítias de final inacabado), a Apologia de Sócrates, uma coleção de 13 cartas e uma coleção de definições, o Horoi. Fora do corpus há uma coleção de dieresis, mais duas cartas, 32 epigramas e um fragmento de poema (7 hexâmetros) que com exceção de uma parte desses poemas, não são obras de Platão.

Com exceção de Epístolas e Apologia todas as outras obras não foram escritas em forma de poemas didáticos ou tratados - como eram escritos a maioria dos escritos filosóficos, - mas em forma de diálogos, a Apologia contém passagens ocasionais de diálogos, onde há um personagem principal, Sócrates e diferentes interlocutores em debates filosóficos separados por inserções e discursos indiretos, digressões ou passagens mitológicas. Além disso, outros alunos de Sócrates como Xenofonte, Ésquines, Antístenes, Euclides de Megara e Fédon de Elis têm obras escritas na forma de diálogo socrático.

Platão foi certamente o representante desse gênero literário muito superior a todos os outros e, mesmo, o único representante, pois comenta neles se pode reconhecer a natureza autêntica do filosofar socrático que nos outros escritores degenerou em maneirismos. ; assim, o diálogo, em Platão é muito mais que um gênero literário, é sua forma de fazer filosofia.68 Nem todos os trabalhos no Corpus de Platão são diálogos. A Apologia parece ser o relatória da defesa de Sócrates e seu julgamento e Menêxeno é um pronunciamento para funeral. As treze cartas são ditas serem de Platão mas a maioria são rejeitadas pelos pesquisadores modernos como sendo ilegítimas. A Sétima Carta ou Carta VII é uma das mais importantes cuja disputa permanece por dois motivos: (a) oferece detalhes biográficos de Platão e (b) coloca afirmações filosóficas sem paralelos em outros diálogos. Provavelmente a Sétima Carta é uma obra ilegítima e portanto não é uma fonte confiável para a biografia e filosofia de Platão.


Teoria das Ideias
Ver: Teoria das ideias e Alegoria da caverna
A Teoria das Ideias ou Teoria das Formas afirma que formas (ou ideias) abstratas não-materiais (mas substanciais e imutáveis) é que possuem o tipo mais alto e mais fundamental da realidade e não o mundo material mutável conhecido por nós através da sensação. Em uma analogia de Reale, as coisas que captamos com os "olhos do corpo" são formas físicas, as coisas que captamos com os "olhos da alma" são as formas não-físicas; o ver da inteligência capta formas inteligíveis que são as essências puras. As Ideias são as essências eternas do bem, do belo etc. Para Platão há uma conexão metafísica entre a visão do olho da alma e o objeto em razão do qual tal visão não existe. Este "mais real do que o que vemos habitualmente" é descrito em sua Alegoria da caverna.

A dialética de Platão não é um método simples e linear, mas um conjunto de procedimentos, conhecimentos e comportamentos desenvolvidos sempre em relação a determinados problemas ou "conteúdos" filosóficos. O papel de dialética no pensamento de Platão é contestada, mas existem duas interpretações principais, um tipo de raciocínio e um método de intuição. Simon Blackburn adota o primeiro, dizendo que a dialética de Platão é "o processo de extrair a verdade por meio de perguntas destinadas a abrir o que já é implicitamente conhecida, ou de expor as contradições e confusões de posição de um oponente". Karl Popper afirma que a dialética é a arte da intuição para "visualizar os originais divinos, as formas ou idéias, de desvendar o grande mistério por trás do comum mundo das aparências do cotidiano do homem."

Na República, Platão define a justiça como a vontade de um cidadão de exercer sua profissão e atingir seu nível pré-determinado e não interferir em outros assuntos, Para que a justiça tenha alguma validade, ela terá que ser uma virtude e, portando, contribuidora de modo constitutivo para a boa vida de quem é justo.

Na filosofia de Platão, é possível visualizar duas modalidades de justiça: uma, absoluta, e outra, relativa. A justiça relativa é a justiça humana que espelha-se nos princípios da alma e tenta dela se aproximar. Platão situa a justiça humana como uma virtude indispensável à vida em comunidade, é ela que propicia a convivência harmônica e cooperativa entre os seres humanos em coletividade.
Considerada por Platão como o princípio do cosmos e fonte de todas as almas individuais, 88 o termo é um conceito cosmológico de uma alma compartilhada ou força regente do universo pela qual o pensamento divino pode se manisfestar em leis que afetam a matéria. O termo foi criado por Platão pela primeira vez na obra República89 ou ainda na obra Timeu.
Legado
Apesar de sua popularidade ter flutuado ao longo dos anos, as obras de Platão nunca ficaram sem leitores, desde o tempo em que foram escritas. O pensamento de Platão é muitas vezes comparado com a de seu aluno mais famoso, Aristóteles, cuja reputação, durante a Idade Média ocidental tão completamente eclipsada a de Platão que os filósofos escolásticos referiam-se a Aristóteles como "o Filósofo". No entanto, no Império Bizantino, o estudo de Platão continuou.

Os filósofos escolásticos medievais não tinham acesso à maioria das obras de Platão, nem o conhecimento de grego necessário para lê-los. Os escritos originais de Platão estavam essencialmente perdidos para a civilização ocidental, até que foram trazidos de Constantinopla no século de sua queda, por Gemisto Pletão. Acredita-se que Platão passou uma cópia dos diálogos platônicos para Cosme de Médici em 1438/39 durante o Conselho de Ferrara, quando foi chamado para unificar as Igrejas grega e latina e então foi transferido para Florença onde fez uma palestra sobre a relação e as diferenças de Platão e Aristóteles, Pletão teria assim influenciado Cosme com seu entusiasmo.

Durante a era pré-islâmico, estudiosos persas e árabes traduziram muito de Platão para o árabe e escreveu comentários e interpretações sobre Platão, Aristóteles e obras de outros filósofos Platonistas (ver Al-Farabi, Avicena, Averróis, Hunayn ibn Ishaq). Muitos desses comentários sobre Platão foram traduzidos do árabe para o latim e, como tal, influenciou filósofos escolásticos medievais.

Filósofos ocidentais notáveis Continuaram a recorrer a obra de Platão desde aquela época. A influência de Platão tem sido especialmente forte em matemática e ciências. Ele ajudou a fazer a distinção entre a matemática pura e a matemática aplicada, ampliando o fosso entre a "aritmética", agora chamada de teoria dos números e "logística", agora chamada de aritmética. Ele considerou logística como apropriado para homens de negócios enquanto os homens de guerra "devem aprender a arte de números ou ele não vai saber como reunir suas tropas", e a aritmética era apropriada para os filósofos "porque precisa emergir do mar de mudanças e lançar mão do verdadeiro ser".

Segundo Stephen Körner, o platonismo é "tendência natural do matemático", o que pode ser confirmado por nomes destacados de matemáticos que e reconhecem platônicos como Gottlob Frege, Bertrand Russell, A. N. Whitehead, Heinrich Scholz, Kurt Gödel, Alonzo Church, Georg Cantor etc. Partindo de Galileu, existe uma extensa tradição do platonismo fisicalista que vai até Werner Heisenberg, Roger Penrose, Frank Tipler, Stephen Hawking e muitos outros.

Gödel, responsável por alguns dos mais importantes resultados da lógica matemática do século XX, por exemplo, foi um platonista da velha escola, como Platão, Gödel acreditava na existência independente de formas matemáticas que ele identificou aos conceitos matemáticos, como os de conjuntos, número real etc.

Leo Strauss é considerado por alguns como o principal pensador envolvido na recuperação do pensamento platônico em sua forma mais política e menos metafísica. Profundamente influenciado por Nietzsche e Heidegger, Strauss, no entanto rejeita a condenação de Platão e olha para seus diálogos como uma solução para o que todos os três pensadores reconhecem como "a crise do Ocidente"

Hobbes considerou Platão como o melhor filósofo da Antiguidade clássica, pela razão de sua filosofia ter como como ponto de partida ideias, enquanto que Aristóteles partia de palavras. Para Hobbes, Platão estaria apto a elaborar uma filosofia política por evitar conclusões falaciosas acerca do "o que é", "o que foi", "o que deveria ser".

No século XX, os metafísicos René Guénon e Frithjof Schuon, francês o primeiro e suíço-alemão o segundo, foram dois influentes autores que re-elaboraram e atualizaram em linguagem contemporânea o pensamento universal e perene de Platão, por eles visto como um eminente representante da Filosofia Perene. Nos livros de ambos, como em A Crise do Mundo Moderno e O Reino da Quantidade, de Guénon, e A Unidade Transcendente das Religiões , Forma e Substância nas Religões e O Homem no Universo, de Schuon, as ideias de Platão são expostas e discutidas em profundidade.




REFERENCIAS

Diógenes Laércio 3.4; p. 21, David Sedley, Plato's Cratylus, Cambridge University Press 2003. (em inglês)

 F.W. Nietzsche, Werke, 32 (em alemão)
T. Browne, Pseudodoxia Epidemica, XII (em inglês)
D. Nails, The Life of Plato of Athens, 1 (em inglês)
U. von Wilamowitz-Moellendorff, Plato, 46
"Plato". Encyclopaedia Britannica. (2002).  (em inglês)
Diógenes Laércio, Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, Livro III, Vida de Platão, 5
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