quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Adriano VI


Papa Adriano VI, nascido Adriaan Floriszoon Boeyens foi papa de 9 de janeiro de 1522 até sua morte.
            Era de origem humilde, o que contrastava com a origem de outros papas, normalmente provenientes de famílias nobres e poderosas. Foi o último papa não-italiano até João Paulo II, 456 anos depois. Juntamente com o Papa Marcelo II, foi um dos dois papas que mantiveram seu nome de batismo após a eleição. Adriano foi o único papa nascido nos Países Baixos. Adriano VI é conhecido por ter lançado a Reforma Católica.

            Em 1507, foi nomeado tutor do neto com sete anos de idade do Imperador Maximiliano I (1493 - 1519), e que mais tarde se tornaria o Imperador Carlos V (1519 - 56). Em 1515, Adriano foi enviado à Espanha em missão diplomática, e depois de sua chegada na Corte Imperial, em Toledo. No ano seguinte, o Papa Leão X (1513 - 21) fez de Adriano um cardeal, nomeando-o Cardeal Sacerdote da basílica dos Santos João e Paulo.

            Durante a menoridade de Carlos V, Adriano foi nomeado para servir com o Cardeal Francisco Jiménez de Cisneros como co-regente da Espanha. Após a morte de Jimenez, Adriano foi nomeado em 14 de março de 1518 inquisidor-mor de Castela e Aragão, cargo que ele exerceu até sua partida para Roma.

            No conclave, após a morte do Papa Leão X, seu primo, o cardeal Giulio de' Medici era a figura principal e favorito para receber a tiara papal. Os cardeais espanhóis e franceses entraram em um impasse. Adriano, que estava ausente, foi proposto em 9 de janeiro de 1522 e foi eleito por uma votação quase unânime. Carlos V ficou satisfeito ao ouvir que Adriano havia sido eleito para o pontificado, mas logo percebeu que Adriano VI estava determinado a reinar de forma imparcial. Francisco I da França temia que Adriano poderia se tornar um instrumento de Carlos V e havia proferido ameaças de um cisma, porém logo cedeu à eleição e enviou uma embaixada para apresentar a sua homenagem a Adriano. Adriano chegou a Roma em 29 de agosto e foi coroado na Basílica de São Pedro em 31 de agosto de 1522, com sessenta e três anos. Imediatamente se tornou um reformador, atacando os abusos da Cúria Romana e combatendo o comércio de indulgências, o que lhe valeu a inimizade de um sem número de bispos e cardeais.

            Adriano era impopular entre os italianos, pois viam-no como um estrangeiro, rústico, mal educado, de hábitos grosseiros e ridículos. Músicos como Carpentras, o compositor e cantor de Avinhão, que foi mestre da capela papal sob Leão X, saiu de Roma devido à indiferença de Adriano VI para com as artes. Adriano, um mau político, também não foi bem sucedido como um apaziguador entre os príncipes cristãos. Na sua reação aos primeiros estágios da Revolta Protestante, Adriano VI não compreendeu completamente a gravidade da situação.

            Durante seu papado, ocorreu ainda um marco: a primeira observação relacionada à Linha Internacional de Data. Durante a expedição realizada por Fernão de Magalhães, a primeira a circum-navegar o planeta, os marinheiros sobreviventes, ao retornarem a Espanha, tinham a certeza de qual era o dia da semana, como confirmado por vários registros de navegação. Entretanto, os que estavam em terra insistiam que o dia era diferente. Tal fenômeno causou grande surpresa e fez com que fosse enviada uma delegação especial ao Vaticano para contar a Adriano VI a odisseia temporal ocorrida. Na Dieta de Nuremberga, em dezembro de 1522 ele foi representado por Francesco Chiericati.

            O monumento fúnebre para Adriano VI, na Igreja de Santa Maria dell'Anima em Roma
Adriano VI morreu em Roma, em 14 de setembro de 1523, após um ano breve como papa. A maioria de seus documentos oficiais foram perdidos após sua morte.

            O Papa Adriano VI foi personagem peça teatral A Trágica História do Doutor Fausto (1604) de Christopher Marlowe. O escritor italiano Luigi Malerba cita sua eleição no seu romance de 1995, Le maschere.

Referências



 Coster, Wim. Metamorfoses. Een geschiedenis van het Gymnasium Celeanum (em Dutch). Zwolle: Waanders. 17 and 19 p.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Alan Turing


Alan Mathison Turing  foi um matemático, lógico, criptoanalista e cientista da computação britânico. Foi influente no desenvolvimento da ciência da computação e na formalização do conceito de algoritmo e computação com a máquina de Turing, desempenhando um papel importante na criação do computador moderno. Ele também é pioneiro na inteligência artificial e na ciência da computação.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Turing trabalhou para a inteligência britânica em Bletchley Park, num centro especializado em quebra de códigos. Por um tempo ele foi chefe do Hut, a seção responsável pela criptoanálise da frota naval alemã. Planejou uma série de técnicas para quebrar os códigos alemães, incluindo o método da bomba eletromecânica, uma máquina eletromecânica que poderia encontrar definições para a máquina Enigma.

Dedicava-se a teoremas que podiam ser comprovados, e à Teoria da Computabilidade. A sua preocupação depois de formado era o que se poderia fazer através da computação. Suas respostas iniciais vieram sob a forma teórica.

Aos 24 anos de idade, consagrou-se com a projeção de uma máquina que, de acordo com um sistema formal, pudesse fazer operações computacionais. Mostrou como um simples sistema automático poderia manipular símbolos de um sistema de regras próprias. A máquina teórica de Turing pode indicar que sistemas poderosos poderiam ser construídos. Tornou possível o processamento de símbolos, ligando a abstração de sistemas cognitivos e a realidade concreta dos números. Isto é buscado até hoje por pesquisadores de sistemas com Inteligência Artificial (IA). Para comprovar a inteligência artificial ou não de um computador, Turing desenvolveu um teste que consistia em um operador não poder diferenciar se as respostas a perguntas elaboradas pelo operador eram vindas ou não de um computador. Caso afirmativo, o computador poderia ser considerado como dotado de inteligência artificial. Sua máquina pode ser programada de tal modo que pode imitar qualquer sistema formal. A ideia de computabilidade começou a ser delineada.

Como homossexual declarado, no início dos anos 1950 foi humilhado em público, impedido de acompanhar estudos sobre computadores, julgado por "vícios impróprios" e condenado a terapias à base de estrogénio, um hormônio feminino o que, de fato, equivalia a castração química e que teve o humilhante efeito secundário de lhe fazer crescer seios.

Em 8 de junho de 1954, um criado de Turing encontrou-o morto, o que tinha ocorrido no dia anterior, em sua residência em Wilmslow, Cheshire.Um exame post-mortem estabeleceu que a causa da morte foi envenenamento por cianeto. Quando seu corpo foi descoberto, uma maçã estava meio comida ao lado de sua cama, e embora a maçã não tenha sido testada quanto ao cianeto, especula-se que este foi o meio pelo qual uma dose fatal foi ingerida. Um inquérito determinou que ele tinha cometido suicídio, tendo sido então cremado no crematório de Woking em 12 de junho de 1954.

A mãe de Turing argumentou com veemência que a ingestão fora acidental, causada pelo armazenamento descuidado de seu filho de produtos químicos de laboratório. O biógrafo Andrew Hodges sugere que Turing pode ter se matado deliberadamente de forma bastante ambígua para dar à sua mãe alguma negação plausível. Outros sugerem que Turing estava encenando uma cena do filme Branca de Neve, de 1937, seu conto de fadas favorito, salientando que ele tinha "um prazer especialmente mordaz na cena em que a bruxa malvada mergulha a maçã na poção venenosa."

Jack Copeland defende que a morte pode ter sido acidental como resultado de inalação de vapores de cianeto durante uma experiência química conduzida no improvisado laboratório que tinha em casa e onde já anteriormente sofrera acidentes por descuido. O mesmo autor afirma que - contrariamente ao que se tem afirmado - profissionalmente o trabalho lhe corria bem, que andava alegre e que interagia socialmente com normalidade e boa disposição. Constata que a maçã encontrada à cabeceira não foi testada laboratorialmente para determinar a presença de cianeto, que os níveis do veneno no organismo eram uniformes, portanto mais compatíveis com a inalação lenta do que com a ingestão. Conclui, deste modo, que a investigação foi mal conduzida e precipitada e que os elementos disponíveis não indiciam necessariamente que a causa da morte seja suicídio.

Por muitos anos foram feitas campanhas que envolveram ativistas da tecnologia da informação, do meio político e do público LGBT. Em 11 de setembro de 2009, 55 anos após sua morte, o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, seguindo um pedido feito através de uma petição direcionada ao governo britânico, pediu desculpas formais em nome do governo pelo tratamento preconceituoso e desumano dado a Turing, que o levou ao suicídio. Em 24 de Dezembro de 2013, passou a ter efeito a Real Prerrogativa do Perdão, concedida a Turing pela Rainha Elizabeth II a pedido do ministro da justiça do Reino Unido, Chirs Grayling, depois que uma petição criada em 2012 obteve mais de 37.000 assinaturas solicitando o devido perdão.

Parte de sua vida foi retratada no telefilme Breaking the Code, de 1996, com o ator Derek Jacobi no papel principal.

Em 2014, Turing foi retratado em The Imitation Game, interpretado por Benedict Cumberbatch. Dirigido pelo norueguês Morten Tyldum, filme é focado em Turing durante a Segunda Guerra, com seu trabalho decisivo para a criação da Bomba Eletromecânica, além de passagens de sua infância (onde o jovem Turing é interpretado por Alex Lawther) e o pós-guerra, onde Turing foi preso por sodomia e forçado à castração química.



REFERÊNCIAS

Hodges, Andrew. Alan Turing: The Enigma of Intelligence. London: Burnett Books, 1983. ISBN 0-04-510060-8
Leavitt, David. The Man Who Knew Too Much: Alan Turing and the invention of the computer. [S.l.: s.n.], 2007. ISBN 978-0-7538-2200-5
Agar, Jon. In: MIT Press. The government machine: a revolutionary history of the computer (em inglês). Cambridge, Massachusetts: [s.n.], 2003. ISBN 978-0-262-01202-7 Página visitada em 23 de junho de 2012.

Paul Ceruzzi. A History of Modern Computing (em inglês). MIT Press ed. Cambridge, Massachusetts, e Londres: [s.n.], 1998. ISBN 0-262-53169-0