sábado, 22 de agosto de 2015

Cristóvão Colombo

           



        Cristóvão Colombo foi um navegador e explorador, responsável por liderar a frota que alcançou o continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objetivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central.

            A vida do navegador contém muitas incertezas e obscuridades, promovidas por ele próprio e pelo seu filho Fernando, que ocultou ou evitou certas passagens da vida de Colombo, e procurou realçar a figura do pai frente àqueles que o procuravam diminuir. Mas "as regras do tempo mostram-nos que um plebeu nunca se casava com uma nobre, pelo que a origem de Colombo é assaz duvidosa." Apesar do esforço desenvolvido na investigação da vida do navegador, ainda restam algumas incertezas, ou fantasias nacionalistas ou ideológicas. Um dos principais problemas apresentados é o da pátria do navegador, e embora este assunto não seja de interesse primário, a importância que lhe tem sido dada e a sua constante atualidade obrigam a que se lhe faça menção.

Sempre existiu uma controvérsia sobre o local de origem do navegador já que um documento da corte de Castela de 1487 chama-lhe "portugues". Entre todas as teorias, a genovesa teve mais apoio até ao século XX quando tentou-se fazê-lo natural da Córsega. No final desse século, Garcia de la Riega, de Pontevedra, na Galiza, publicou uma série de documentos que apresentavam nomes de pessoas da região e de origem judia da primeira metade do século XV com os mesmos nomes da família de Colombo - a despeito destes apenas serem conhecidos através da documentação genovesa - que supostamente teriam imigrado para Génova após o nascimento de Colombo. Durante muitos anos esta teoria obteve popularidade, já que satisfazia o nacionalismo espanhol, o judeu e o galego, até que em 1928 foi desclassificada como fonte histórica pela Academia de História espanhola, que comprovou os documentos como sendo autênticos, mas manipulados para apresentar aqueles nomes.

No mesmo ano em que a hipótese galega foi descredibilizada, o historiador peruano Luis Ulloa surgiu com um Colombo catalão, um nobre marinheiro que se chamaria Juan Colón e era inimigo de João II de Aragão, e que seria um suposto "Scolvus" que chegou à América do Norte em 1476, elaborou um projecto de descobrimento e o ofereceu a Fernando o Católico em benefício da Catalunha, mas acabou burlado por este, que conhecia a sua verdadeira identidade, e que para oculta-la realizou uma série de falsificações de documentos e crónicas. Esta tese foi inicialmente recebida com entusiasmo na Catalunha, desvanecendo-se com o tempo na ausência de qualquer documento que a suportasse.

Desde 1915 que vem igualmente sendo apresentada uma panóplia de hipóteses sobre a origem portuguesa de Cristóvão Colombo. As mais recentes são da autoria de Manuel da Silva Rosa, tendo inspirado um livro de José Rodrigues dos Santos e um filme de Manoel de Oliveira.

A versão normalmente tida como certa entre os historiadores mais acreditados dá-o como nascido em Génova em 1451, e como genovês foi reconhecido pelos seus contemporâneos, ao menos na Ligúria. Na biografia. História del almirante Don Cristóbal Colón escrita pelo seu filho Fernando, este obscureceu a pátria e origem de Colombo, afirmando que o pai não queria que fossem conhecidas tais informações, enumerando várias cidades italianas, que disputavam tal glória. Na Espanha Colombo sempre foi considerado como estrangeiro, lamentando-se inclusivamente de como essa situação o prejudicava em alguns dos documentos que escreveu. Esteve constantemente em contato com italianos, e neles depositava a sua confiança.
Antecedentes familiares[editar | editar código-fonte]

Colombo começou por seguir o ofício de tecelão, mas muito cedo interessou-se pela navegação. Os estudos que teve devem ter sido muito elementares, e talvez terá aprendido matemática e a sua bela caligrafia nalguma modesta escola da região. Segundo o seu filho Fernando, aos catorze anos começou a navegar como grumete e dedicando-se depois ao comércio, trabalhando à comissão, segundo se vê da documentação notarial.

Nestas primeiras viagens esteve na ilha de Quios, no mar Egeu, à época uma colónia genovesa, cuja produção de mástique recordou várias vezes. Recordou também um feito militar que teria feito ao serviço de Renato de Anjou, aliado de Génova e proclamado rei de Aragão pelos catalães revoltados (1466), uma tentativa de captura em Tunes de uma galeaça de João II de Aragão, ou do sobrinho deste, o rei de Nápoles, com os quais aquele estava em guerra; este feito, que poderia ter acontecido por volta de 1472, apresenta, no entanto, aspectos duvidosos.

Foi em Portugal que Colombo começou a conceber o seu projecto de viagem para o Ocidente, inspirado pelo ambiente febril de navegações, descobrimentos, comércio e desenvolvimento científico, que converteram a Lisboa da segunda metade do século XV num rico e ativíssimo porto marítimo e mercantil, de dimensão internacional, e Portugal no país dos melhores, mais audazes e experientes marinheiros, com os maiores conhecimentos náuticos da época. O projecto terá surgido não de forma repentina, mas gradual, provavelmente em colaboração com o seu irmão Bartolomeu. Após o processo de formação e maturação, o projeto de Colombo consistia em atravessar o oceano Atlântico - o único conhecido à época - em direção à Ásia.

O historiador norte-americano Vignaud tentou demonstrar que Colombo apenas procurava alcançar umas distantes ilhas do Atlântico, mas não chegar às Índias, tendo alterado o projeto após as descobertas que fez. Esta tese é normalmente descartada pelos historiadores colombinos de maior competência, já que para descobrir umas simples ilhas não era necessário negociar tenazmente com monarcas, promover opiniões de sábios e técnicos e exigir honras e compensações tão exorbitantes. Tratava-se, sem dúvida, de uma empresa nova, arriscada, e de importância bem maior que uma expedição comum.

O seu filho Fernando conta que o pai começou por pensar que se os portugueses navegavam já tão grandes distâncias para o sul, poderia fazer o mesmo para o oeste, enumerando os fatores que o fizeram pensar na existência de terras a ocidente: A esfericidade da terra; e as leituras de autores clássicos, como Aristóteles, Estrabão e Plínio, que afirmavam a curta distância entre a Espanha e África, e a Índia. O mais provável, no entanto, é que não tenha se inspirado nesses autores, mas sim que os tenha lido depois por forma a fundamentar o seu projeto. Os supostos papéis do sogro que lhe teriam sido entregues por Isabel Moniz teriam juntado indícios materiais, como troncos de árvores e cadáveres de espécies desconhecidas arrastados pelo mar. Finalmente, as notícias que obteve de marinheiros que afirmavam ter encontrado terras a oeste, e as várias tentativas para descobrir supostas ilhas do Atlântico, comuns por aqueles anos. Colombo observou nas suas viagens e permanências nas ilhas atlânticas estes indícios, assim como as condições dos ventos e correntes marítimas, a reconhecer a proximidade de terra firme e as rotas mais favoráveis, o que tudo aprendeu com a experiência portuguesa.

Na noite de 3 de agosto de 1492, Colombo partiu de Pelos de la Fronteira, com três navios: uma nau maior, Santa Maria, apelidada Galega, e duas caravelas menores, Pinta e Santa Clara, apelidada de Nina em homenagem a seu proprietário Juan Nino de Morgue. Eram propriedade de Juan de la Cosa e dos irmãos Penzo , mas os monarcas forçaram os habitantes de Pelos a contribuir para a expedição. Colombo navegou inicialmente para as ilhas Canárias, que eram propriedade da Castela, onde reabasteceu as provisões e fez reparos. Em 6 de setembro, partiu de San Sebastián de la Gomera para o que acabou por ser uma viagem de cinco semanas através do oceano.

A terra foi avistada às duas horas da manhã de 12 de outubro de 1492, por um marinheiro chamado Rodrigo de Triana a bordo de Pinta. Colombo chamou a ilha San Salvador, enquanto os nativos a chamavam Guanahani. Exatamente qual era a ilha nas Bahamas é um assunto não resolvido. As candidatas principais são Samana Cay, Plana Cays e San Salvador (assim chamada em 1925, na convicção de que era a San Salvador de Colombo). Os indígenas que encontrou, os lucaians, taínos ou aruaques, eram pacíficos e amigáveis. Desde a entrada em 12 de outubro de 1492 em seu diário, Colombo escreveu sobre eles: "Muitos dos homens que já vi têm cicatrizes em seus corpos, e quando eu fazia sinais para eles para descobrir como isso aconteceu, eles indicavam que pessoas de outras ilhas vizinhas chegavam a San Salvador para capturá-los e eles se defendiam o melhor possível. Acredito que as pessoas do continente vêm aqui para tomá-los como escravos. Devem servir como ajudantes bons e qualificados, pois eles repetem muito rapidamente o que lhes dizemos. Acho que eles podem muito facilmente ser cristãos, porque eles parecem não ter nenhuma religião. Se for do agrado de nosso Senhor, vou tomar seis deles de Suas Altezas quando eu partir, para que possam aprender a nossa língua." Observou que a falta de armamento moderno e até mesmo espadas e lanças forjadas de metal era uma vulnerabilidade tática, escrevendo: "Eu poderia conquistar a totalidade deles com 50 homens e governá-los como quisesse." Colombo também explorou a costa nordeste de Cuba, onde desembarcaram em 28 de outubro (segundo os próprios cubanos47 o nome é derivado da palavra Taíno, "cubanacán", significando "um lugar central"), e o litoral norte de Hispaniola, em 5 de dezembro. Aqui, o Santa Maria encalhou na manhã do natal de 1492 e teve de ser abandonado. Foi recebido pelo cacique nativo Guacanagari, que lhe deu permissão para deixar alguns de seus homens para trás. Colombo deixou 39 homens e fundou o povoado de La Navidad no local da atual Môle Saint-Nicolas, Haiti.48 Antes de retornar à Espanha, Colombo também sequestrou entre 10 a 25 nativos e os levou de volta com ele. Apenas sete ou oito dos índios nativos chegaram à Espanha vivos, mas eles causaram forte impressão em Sevilha.44

A sua segunda viagem iniciou-se em 1493, com três naus e catorze caravelas. Nela avistou as Antilhas e abordou a Martinica. Rumou depois para o norte e alcançou Porto Rico. Foi a Hispaniola onde a pequena colônia tinha sido arrasada pelos indígenas. Tendo ali deixado outro contingente de homens, navegou para o ocidente e chegou à Jamaica. Nessa viagem fundou Isabela, atual Santo Domingo, na República Dominicana, a primeira povoação européia no continente americano.

Para a terceira viagem, partiu em 1498, com seis naus, tendo chegado à ilha da Trinidad depois de uma atribulada viagem. Rumando ao sul chegou a uma grande terra que pensou ser uma ilha, a que chamou de Terra de Gracia nel Golfo de Paria, localizado na foz do delta do rio Orinoco, (Venezuela). Rumando ao norte chegou a Santo Domingo, onde entrou em conflito com o governador, vindo ele e o irmão a ser presos e enviados para Castela.

Na quarta viagem, saiu de Cádiz com quatro naus em 1502, propondo-se uma vez mais a chegar ao Oriente. Avistou a Jamaica e, depois de grande tempestade, chegou à Ilha de Pinos nas Honduras. Avistou depois as costas da Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Devido ao péssimo estado das naus teve de regressar a Hispaniola, de onde voltou para Castela.

Embora Colombo tenha sempre apresentado a conversão dos não-cristãos como um dos motivos das suas expedições, a sua religiosidade aumentou nos últimos anos de vida. Provavelmente com o apoio do seu filho Diogo e do seu amigo, o monge cartuxo Gaspar Gorricio, Colombo produziu dois livros nos seus últimos anos: o Livro de Privilégios (1502), detalhando e documentando as mercês que havia recebido da Coroa Espanhola, às quais acreditava ele e seus herdeiros terem direito, e um Livro de Profecias (1505), no qual usou passagens da Bíblia para colocar os seus feitos como explorador no contexto da escatologia cristã.

No final da vida, Colombo exigiu que a Coroa Espanhola lhe desse 10% de todos os proveitos obtidos nos territórios descobertos, tal como estipulado nas capitulações de Santa Fé. No entanto, uma vez que Colombo havia sido dispensado das suas obrigações como governador, a Coroa não se sentiu obrigada por esse contrato, e as suas exigências foram rejeitadas. Após a sua morte, os herdeiros de Colombo processaram a Coroa com vista a obter uma parte dos proveitos do comércio com as Américas, assim como outros benefícios. Isto levou a uma longa série de disputas legais conhecidas como pleitos colombinos.

Colombo morreu em Valhadolid a 20 de maio de 1506, com cerca de 55 anos, com uma considerável riqueza proveniente do ouro que os seus homens haviam acumulado em Hispaniola. À data da sua morte, Colombo estava ainda convencido que as suas expedições tinham sido realizadas ao longo da costa oriental da Ásia. De acordo com um estudo publicado em fevereiro de 2007, realizado por Antônio Rodriguez Carteiro, do Departamento de Medicina Interna da Universidade de Granada, Colombo morreu de parada cardíaca causada por artrite reativa. Segundo os seus diários pessoais e anotações deixadas pelos seus contemporâneos, os sintomas desta doença (ardor doloroso quando se urina, dor e inchamento das pernas, e conjuntivite) eram claramente evidentes nos três últimos anos da sua vida.

Os restos mortais de Colombo foram inicialmente sepultados em Valhadolid, sendo depois transladados para o Mosteiro da Cartuxa em Sevilha. Em 1542, por desejo expresso pelo seu filho Diogo, que fora governador de Hispaniola, os restos mortais foram transferidos para Santo Domingo, na atual República Dominicana, onde foram depositados na catedral da cidade. Em 1795, quando a França obteve o controle de toda a ilha de Hispaniola, os restos mortais de Colombo foram transladados para Havana, Cuba, e após a independência cubana, na sequência da Guerra Hispano-Americana de 1898, novamente transferidos para Espanha, para a Catedral de Sevilha,53 onde se encontram sobre um sumptuoso catafalco.




Referencias

Vignaud, H. (1906), "Proof that Columbus was born in 1451: A New Document", American Historical Review 12: 270
COLOMBO, Cristóvão. Diários da Descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1998. 200p. il. Mapas.
ALBUQUERQUE, Luís de. Dúvidas e Certezas na História dos Descobrimentos Portugueses, vol. I, Lisboa, Círculo de Leitores, imp. 1991.
MARQUES, Alfredo Pinheiro. Portugal e o Descobrimento Europeu da América: Cristóvão Colombo e os Portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1992. 140p. il. Mapas.
MONTEIRO, Jacinto. "Passagem de Colombo por Santa Maria". In revista Ocidente, vol. LVIII, Lisboa, 1960.
MONTEIRO, Jacinto. "O Episódio Colombino da Ilha de Santa Maria, nas suas Implicações com o Descobrimento da América". In revista Insulana, vol. XXII, 1º e 2º semestres, 1966, p. 37-126.

MONTEIRO, Jacinto (Pe.). Atentado contra Colombo nos Açores. Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Cultura; Direção Regional dos Assuntos Culturais, 1994. 144p fotos p/b
blog de orquídeas: http://www.orquideas.net/

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