Cristóvão Colombo foi
um navegador e explorador, responsável por liderar a frota que alcançou o
continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos
de Espanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem
através do Oceano Atlântico com o objetivo de atingir a Índia, tendo na
realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do
Golfo do México na América Central.
A vida do navegador
contém muitas incertezas e obscuridades, promovidas por ele próprio e pelo seu
filho Fernando, que ocultou ou evitou certas passagens da vida de Colombo, e
procurou realçar a figura do pai frente àqueles que o procuravam diminuir. Mas
"as regras do tempo mostram-nos que um plebeu nunca se casava com uma
nobre, pelo que a origem de Colombo é assaz duvidosa." Apesar do esforço
desenvolvido na investigação da vida do navegador, ainda restam algumas
incertezas, ou fantasias nacionalistas ou ideológicas. Um dos principais
problemas apresentados é o da pátria do navegador, e embora este assunto não
seja de interesse primário, a importância que lhe tem sido dada e a sua
constante atualidade obrigam a que se lhe faça menção.
Sempre existiu uma controvérsia sobre o local de origem do navegador já
que um documento da corte de Castela de 1487 chama-lhe "portugues".
Entre todas as teorias, a genovesa teve mais apoio até ao século XX quando
tentou-se fazê-lo natural da Córsega. No final desse século, Garcia de la
Riega, de Pontevedra, na Galiza, publicou uma série de documentos que
apresentavam nomes de pessoas da região e de origem judia da primeira metade do
século XV com os mesmos nomes da família de Colombo - a despeito destes apenas
serem conhecidos através da documentação genovesa - que supostamente teriam
imigrado para Génova após o nascimento de Colombo. Durante muitos anos esta
teoria obteve popularidade, já que satisfazia o nacionalismo espanhol, o judeu
e o galego, até que em 1928 foi desclassificada como fonte histórica pela
Academia de História espanhola, que comprovou os documentos como sendo
autênticos, mas manipulados para apresentar aqueles nomes.
No mesmo ano em que a hipótese galega foi descredibilizada, o
historiador peruano Luis Ulloa surgiu com um Colombo catalão, um nobre
marinheiro que se chamaria Juan Colón e era inimigo de João II de Aragão, e que
seria um suposto "Scolvus" que chegou à América do Norte em 1476,
elaborou um projecto de descobrimento e o ofereceu a Fernando o Católico em
benefício da Catalunha, mas acabou burlado por este, que conhecia a sua
verdadeira identidade, e que para oculta-la realizou uma série de falsificações
de documentos e crónicas. Esta tese foi inicialmente recebida com entusiasmo na
Catalunha, desvanecendo-se com o tempo na ausência de qualquer documento que a
suportasse.
Desde 1915 que vem igualmente sendo apresentada uma panóplia de
hipóteses sobre a origem portuguesa de Cristóvão Colombo. As mais recentes são
da autoria de Manuel da Silva Rosa, tendo inspirado um livro de José Rodrigues
dos Santos e um filme de Manoel de Oliveira.
A versão normalmente tida como certa entre os historiadores mais
acreditados dá-o como nascido em Génova em 1451, e como genovês foi reconhecido
pelos seus contemporâneos, ao menos na Ligúria. Na biografia. História del
almirante Don Cristóbal Colón escrita pelo seu filho Fernando, este obscureceu
a pátria e origem de Colombo, afirmando que o pai não queria que fossem
conhecidas tais informações, enumerando várias cidades italianas, que
disputavam tal glória. Na Espanha Colombo sempre foi considerado como
estrangeiro, lamentando-se inclusivamente de como essa situação o prejudicava
em alguns dos documentos que escreveu. Esteve constantemente em contato com
italianos, e neles depositava a sua confiança.
Antecedentes familiares[editar | editar código-fonte]
Colombo começou por seguir o ofício de tecelão, mas muito cedo
interessou-se pela navegação. Os estudos que teve devem ter sido muito
elementares, e talvez terá aprendido matemática e a sua bela caligrafia nalguma
modesta escola da região. Segundo o seu filho Fernando, aos catorze anos
começou a navegar como grumete e dedicando-se depois ao comércio, trabalhando à
comissão, segundo se vê da documentação notarial.
Nestas primeiras viagens esteve na ilha de Quios, no mar Egeu, à época
uma colónia genovesa, cuja produção de mástique recordou várias vezes. Recordou
também um feito militar que teria feito ao serviço de Renato de Anjou, aliado
de Génova e proclamado rei de Aragão pelos catalães revoltados (1466), uma
tentativa de captura em Tunes de uma galeaça de João II de Aragão, ou do
sobrinho deste, o rei de Nápoles, com os quais aquele estava em guerra; este
feito, que poderia ter acontecido por volta de 1472, apresenta, no entanto,
aspectos duvidosos.
Foi em Portugal que Colombo começou a conceber o seu projecto de viagem
para o Ocidente, inspirado pelo ambiente febril de navegações, descobrimentos,
comércio e desenvolvimento científico, que converteram a Lisboa da segunda
metade do século XV num rico e ativíssimo porto marítimo e mercantil, de
dimensão internacional, e Portugal no país dos melhores, mais audazes e
experientes marinheiros, com os maiores conhecimentos náuticos da época. O
projecto terá surgido não de forma repentina, mas gradual, provavelmente em
colaboração com o seu irmão Bartolomeu. Após o processo de formação e
maturação, o projeto de Colombo consistia em atravessar o oceano Atlântico - o
único conhecido à época - em direção à Ásia.
O historiador norte-americano Vignaud tentou demonstrar que Colombo
apenas procurava alcançar umas distantes ilhas do Atlântico, mas não chegar às
Índias, tendo alterado o projeto após as descobertas que fez. Esta tese é
normalmente descartada pelos historiadores colombinos de maior competência, já
que para descobrir umas simples ilhas não era necessário negociar tenazmente
com monarcas, promover opiniões de sábios e técnicos e exigir honras e
compensações tão exorbitantes. Tratava-se, sem dúvida, de uma empresa nova, arriscada,
e de importância bem maior que uma expedição comum.
O seu filho Fernando conta que o pai começou por pensar que se os
portugueses navegavam já tão grandes distâncias para o sul, poderia fazer o
mesmo para o oeste, enumerando os fatores que o fizeram pensar na existência de
terras a ocidente: A esfericidade da terra; e as leituras de autores clássicos,
como Aristóteles, Estrabão e Plínio, que afirmavam a curta distância entre a
Espanha e África, e a Índia. O mais provável, no entanto, é que não tenha se
inspirado nesses autores, mas sim que os tenha lido depois por forma a
fundamentar o seu projeto. Os supostos papéis do sogro que lhe teriam sido
entregues por Isabel Moniz teriam juntado indícios materiais, como troncos de
árvores e cadáveres de espécies desconhecidas arrastados pelo mar. Finalmente,
as notícias que obteve de marinheiros que afirmavam ter encontrado terras a
oeste, e as várias tentativas para descobrir supostas ilhas do Atlântico,
comuns por aqueles anos. Colombo observou nas suas viagens e permanências nas
ilhas atlânticas estes indícios, assim como as condições dos ventos e correntes
marítimas, a reconhecer a proximidade de terra firme e as rotas mais
favoráveis, o que tudo aprendeu com a experiência portuguesa.
Na noite de 3 de agosto de 1492, Colombo partiu de Pelos de la Fronteira,
com três navios: uma nau maior, Santa Maria, apelidada Galega, e duas caravelas
menores, Pinta e Santa Clara, apelidada de Nina em homenagem a seu proprietário
Juan Nino de Morgue. Eram propriedade de Juan de la Cosa e dos irmãos Penzo ,
mas os monarcas forçaram os habitantes de Pelos a contribuir para a expedição.
Colombo navegou inicialmente para as ilhas Canárias, que eram propriedade da
Castela, onde reabasteceu as provisões e fez reparos. Em 6 de setembro, partiu
de San Sebastián de la Gomera para o que acabou por ser uma viagem de cinco
semanas através do oceano.
A terra foi avistada às duas horas da manhã de 12 de outubro de 1492,
por um marinheiro chamado Rodrigo de Triana a bordo de Pinta. Colombo chamou a
ilha San Salvador, enquanto os nativos a chamavam Guanahani. Exatamente qual
era a ilha nas Bahamas é um assunto não resolvido. As candidatas principais são
Samana Cay, Plana Cays e San Salvador (assim chamada em 1925, na convicção de que
era a San Salvador de Colombo). Os indígenas que encontrou, os lucaians, taínos
ou aruaques, eram pacíficos e amigáveis. Desde a entrada em 12 de outubro de
1492 em seu diário, Colombo escreveu sobre eles: "Muitos dos homens que já
vi têm cicatrizes em seus corpos, e quando eu fazia sinais para eles para
descobrir como isso aconteceu, eles indicavam que pessoas de outras ilhas
vizinhas chegavam a San Salvador para capturá-los e eles se defendiam o melhor
possível. Acredito que as pessoas do continente vêm aqui para tomá-los como
escravos. Devem servir como ajudantes bons e qualificados, pois eles repetem
muito rapidamente o que lhes dizemos. Acho que eles podem muito facilmente ser
cristãos, porque eles parecem não ter nenhuma religião. Se for do agrado de nosso
Senhor, vou tomar seis deles de Suas Altezas quando eu partir, para que possam
aprender a nossa língua." Observou que a falta de armamento moderno e até
mesmo espadas e lanças forjadas de metal era uma vulnerabilidade tática,
escrevendo: "Eu poderia conquistar a totalidade deles com 50 homens e
governá-los como quisesse." Colombo também explorou a costa nordeste de
Cuba, onde desembarcaram em 28 de outubro (segundo os próprios cubanos47 o nome
é derivado da palavra Taíno, "cubanacán", significando "um lugar
central"), e o litoral norte de Hispaniola, em 5 de dezembro. Aqui, o
Santa Maria encalhou na manhã do natal de 1492 e teve de ser abandonado. Foi
recebido pelo cacique nativo Guacanagari, que lhe deu permissão para deixar
alguns de seus homens para trás. Colombo deixou 39 homens e fundou o povoado de
La Navidad no local da atual Môle Saint-Nicolas, Haiti.48 Antes de retornar à
Espanha, Colombo também sequestrou entre 10 a 25 nativos e os levou de volta
com ele. Apenas sete ou oito dos índios nativos chegaram à Espanha vivos, mas
eles causaram forte impressão em Sevilha.44
A sua segunda viagem iniciou-se em 1493, com três naus e catorze
caravelas. Nela avistou as Antilhas e abordou a Martinica. Rumou depois para o
norte e alcançou Porto Rico. Foi a Hispaniola onde a pequena colônia tinha sido
arrasada pelos indígenas. Tendo ali deixado outro contingente de homens,
navegou para o ocidente e chegou à Jamaica. Nessa viagem fundou Isabela, atual
Santo Domingo, na República Dominicana, a primeira povoação européia no
continente americano.
Para a terceira viagem, partiu em 1498, com seis naus, tendo chegado à
ilha da Trinidad depois de uma atribulada viagem. Rumando ao sul chegou a uma
grande terra que pensou ser uma ilha, a que chamou de Terra de Gracia nel Golfo
de Paria, localizado na foz do delta do rio Orinoco, (Venezuela). Rumando ao
norte chegou a Santo Domingo, onde entrou em conflito com o governador, vindo
ele e o irmão a ser presos e enviados para Castela.
Na quarta viagem, saiu de Cádiz com quatro naus em 1502, propondo-se uma
vez mais a chegar ao Oriente. Avistou a Jamaica e, depois de grande tempestade,
chegou à Ilha de Pinos nas Honduras. Avistou depois as costas da Nicarágua,
Costa Rica e Panamá. Devido ao péssimo estado das naus teve de regressar a
Hispaniola, de onde voltou para Castela.
Embora Colombo tenha sempre apresentado a conversão dos não-cristãos
como um dos motivos das suas expedições, a sua religiosidade aumentou nos
últimos anos de vida. Provavelmente com o apoio do seu filho Diogo e do seu
amigo, o monge cartuxo Gaspar Gorricio, Colombo produziu dois livros nos seus
últimos anos: o Livro de Privilégios (1502), detalhando e documentando as
mercês que havia recebido da Coroa Espanhola, às quais acreditava ele e seus
herdeiros terem direito, e um Livro de Profecias (1505), no qual usou passagens
da Bíblia para colocar os seus feitos como explorador no contexto da
escatologia cristã.
No final da vida, Colombo exigiu que a Coroa Espanhola lhe desse 10% de
todos os proveitos obtidos nos territórios descobertos, tal como estipulado nas
capitulações de Santa Fé. No entanto, uma vez que Colombo havia sido dispensado
das suas obrigações como governador, a Coroa não se sentiu obrigada por esse
contrato, e as suas exigências foram rejeitadas. Após a sua morte, os herdeiros
de Colombo processaram a Coroa com vista a obter uma parte dos proveitos do
comércio com as Américas, assim como outros benefícios. Isto levou a uma longa
série de disputas legais conhecidas como pleitos colombinos.
Colombo morreu em Valhadolid a 20 de maio de 1506, com cerca de 55 anos,
com uma considerável riqueza proveniente do ouro que os seus homens haviam
acumulado em Hispaniola. À data da sua morte, Colombo estava ainda convencido
que as suas expedições tinham sido realizadas ao longo da costa oriental da
Ásia. De acordo com um estudo publicado em fevereiro de 2007, realizado por Antônio
Rodriguez Carteiro, do Departamento de Medicina Interna da Universidade de
Granada, Colombo morreu de parada cardíaca causada por artrite reativa. Segundo
os seus diários pessoais e anotações deixadas pelos seus contemporâneos, os
sintomas desta doença (ardor doloroso quando se urina, dor e inchamento das
pernas, e conjuntivite) eram claramente evidentes nos três últimos anos da sua vida.
Os restos mortais de Colombo foram inicialmente sepultados em
Valhadolid, sendo depois transladados para o Mosteiro da Cartuxa em Sevilha. Em
1542, por desejo expresso pelo seu filho Diogo, que fora governador de
Hispaniola, os restos mortais foram transferidos para Santo Domingo, na atual
República Dominicana, onde foram depositados na catedral da cidade. Em 1795,
quando a França obteve o controle de toda a ilha de Hispaniola, os restos
mortais de Colombo foram transladados para Havana, Cuba, e após a independência
cubana, na sequência da Guerra Hispano-Americana de 1898, novamente
transferidos para Espanha, para a Catedral de Sevilha,53 onde se encontram
sobre um sumptuoso catafalco.
Referencias
Vignaud, H. (1906), "Proof that Columbus was born in 1451: A New
Document", American Historical Review 12: 270
COLOMBO, Cristóvão. Diários da Descoberta da América: as quatro viagens
e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1998. 200p. il. Mapas.
ALBUQUERQUE, Luís de. Dúvidas e Certezas na História dos Descobrimentos
Portugueses, vol. I, Lisboa, Círculo de Leitores, imp. 1991.
MARQUES, Alfredo Pinheiro. Portugal e o Descobrimento Europeu da
América: Cristóvão Colombo e os Portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa
da Moeda, 1992. 140p. il. Mapas.
MONTEIRO, Jacinto. "Passagem de Colombo por Santa Maria". In
revista Ocidente, vol. LVIII, Lisboa, 1960.
MONTEIRO, Jacinto. "O Episódio Colombino da Ilha de Santa Maria,
nas suas Implicações com o Descobrimento da América". In revista Insulana,
vol. XXII, 1º e 2º semestres, 1966, p. 37-126.
MONTEIRO, Jacinto (Pe.). Atentado contra Colombo nos Açores. Angra do
Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Cultura; Direção Regional
dos Assuntos Culturais, 1994. 144p fotos p/b
blog de orquídeas: http://www.orquideas.net/
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